Tudo começou ainda na adolescência quando alguém pediu para que ela limpasse a imagem de um anjo em um dos túmulos. Ela contou que após o pai deixar a mãe com ela e mais três irmãos, viu nessa simples tarefa, uma maneira de ajudar nas despesas de casa.
“A gente não tinha nenhuma sobrevivência, apenas uma cacimba. Todo dia a gente ia pegar um balde de água e lavar uns anjos que tinha nesse túmulo”, conta. “Passou uma pessoa e disse pra colocar uns baldinhos numa cova dizendo ela que daria dinheiro. E começou assim e nós somos os primeiros aguadores daqui. A partir daí foram chegando mais pessoas”, relata.
Maria das Graças diz que hoje a situação está mais complicada, visto que outras tantas pessoas descobriram o ofício de zelar os túmulos. “Não dá para tirar um bom dinheiro porque agora tem gente demais. Agora tem muita gente e tem aquela ambição que existe em todo canto. Mas o sol nasce para todos”, diz.
Os valores para cuidar dos túmulos são dos mais variados, ficando entre os vinte e trinta e cinco reais. “A gente faz esse serviço e, no final do mês, eles pagam vinte, trinta reais, dependendo do tamanho da cova”, afirma Maria das Graças.
“Até hoje, eu vou lhe dizer, tudo que eu tenho foram as almas que me deram. Eu sou professora, mas meu diploma quem me deu foram as almas porque foi dai de dentro o meu sustento. Eu sai de dentro do cemitério”, encerra ela satisfeita com o ofício que exerce desde a tenra idade