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— O debate não está mais no administrativo. Não adianta ficar dizendo que fez mais casas, que investiu nisso e naquilo. O debate agora está no emocional — afirmou uma liderança do PMDB.
O desempenho de Marina foi o principal assunto do jantar de segunda-feira na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), onde estavam os caciques do PMDB. O ponto central da campanha de Dilma tem sido uma prestação de contas de seu mandato, listando obras em andamento, investimentos feitos e programas sociais criados em sua gestão ou na de Lula.
A cobrança de que estaria “faltando emoção” também é feita por parlamentares do PT. Eles afirmam que foi dada muita importância à propaganda eleitoral na TV e que a campanha relegou a segundo plano as agendas de rua, o que é considerado um erro.
— Eu acho que se apostou muito na televisão e esqueceu-se da rua. Agora, a militância está reacendendo, estamos realizando plenárias em vários estados — disse um deputado do PT.
ATAQUE PODE VITIMIZAR MARINA
No partido e na base aliada, há um temor de que os ataques a Marina acabem vitimizando a candidata do PSB e dando mais fôlego para sua campanha. Há quem defenda que a campanha se concentre em desconstruir propostas de Marina e apontar fragilidades em sua candidatura, sem aprovar a campanha do medo.
— Se ficar batendo, ela vai crescer que nem bolo — disse um senador do PT, antes da divulgação das pesquisas Ibope e Datafolha na noite de ontem, que indicaram um freio no crescimento de Marina.
Integrantes da base aliada temem um “efeito bumerangue” na comparação entre Marina e Collor, feita na propaganda de Dilma na TV exibida anteontem, já que o ex-presidente faz parte da base de sustentação do governo da petista.
O episódio foi comparado, por integrantes da base aliada, à propaganda da então candidata do PT à prefeitura de São Paulo em 2008, Marta Suplicy, que perguntava ao eleitor se ele sabia se o então prefeito Gilberto Kassab (DEM), candidato à reeleição, era casado ou tinha filhos, insinuando que ele seria homossexual. A peça foi responsabilidade do marqueteiro João Santana, o mesmo da campanha à reeleição de Dilma, e foi um tiro no pé.
Também não faltaram ironias no PT ao trecho da propaganda de Dilma que explora a suposta incapacidade de Marina de construir uma base parlamentar. “Será que ela tem jeito para negociar?”, disse o locutor em off.
— É o satanás falando na quaresma. Quem foi que dialogou nos últimos quatro anos? — questionou um senador do PT, referindo-se a uma das principais queixas da base aliada em relação a Dilma.
Essa crítica ao estilo da petista vem de longe. No início de 2008, durante a disputa pelo controle das estatais do setor elétrico, o então líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), chegou a dar um bambolê de presente para Dilma — na época ministra da Casa Civil — como uma forma irônica de pedir mais jogo de cintura. Já sendo preparada pelo então presidente Lula para disputar a Presidência da República, a reclamação era que ela não recebia políticos e não retornava telefonemas.