A assessoria da presidência nacional do PT informou nesta quinta-feira (17) que os três integrantes da Executiva Nacional responsáveis por analisar a situação do deputado André Vargas (PT-PR) recomendaram que o caso seja enviado à comissão de ética do partido.
O G1 entrou em contato com o parlamentar do Paraná, mas até a última atualização desta reportagem não havia obtido retorno.
Segundo a assessoria do PT, o vice-presidente nacional da sigla, Alberto Cantalice, o secretário nacional de Organização, Florisvaldo Souza, e o secretário nacional de Formação, Carlos Árabe, entregaram na última terça (15) ao presidente da legenda, Rui Falcão, um relatório recomendando que caso seja encaminhado ao colegiado. Os integrantes da comissão de ética têm poder para determinar a expulsão de André Vargas da sigla.
“O relatório foi entregue na terça ao presidente e, caso vá à comissão de ética, existe todo um processo [até a expulsão]. Não é uma coisa simples, mas agora vai depender da Executiva [Nacional]”, disse Cantalice ao G1.
O petista é suspeito de envolvimento com o doleiro paranaense Alberto Youssef, preso pela operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF). O doleiro foi preso sob a acusação de ser um dos líderes de um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que movimentou cerca de R$ 10 bilhões.
No último dia 2, André Vargas admitiu no plenário da Câmara que viajou em um jatinho fretado por Youssef, mas negou ilegalidade na relação com o doleiro. Na mesma semana, reportagem da revista "Veja" reproduziu mensagens que Vargas teria trocado com Yousseff para tratar de um contrato entre uma empresa de fachada e o Ministério da Saúde.
De acordo com as investigações da PF, Vargas ajudava Youssef a localizar projetos na administração pública nos quais poderia ser desviado dinheiro público.
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Renúncia
Diante da série de denúncias, André Vargas passou a sofrer pressão de integrantes do PT para que renuncie ao mandato de deputado. Os petistas temem que a repercussão negativa do caso tenha impacto na imagem do partido e na campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Diante da série de denúncias, André Vargas passou a sofrer pressão de integrantes do PT para que renuncie ao mandato de deputado. Os petistas temem que a repercussão negativa do caso tenha impacto na imagem do partido e na campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Pressionado pelo partido, Vargas pediu afastamento do mandato por 60 dias e renunciou ao cargo de vice-presidente da Câmara. No ínicio da semana, ele chegou a anunciar que iria renunciar ao mandato, porém, recuou após ficar sabendo que seu processo no Conselho de Ética da Câmara não seria extinto com a expulsão.
Por meio de sua assessoria, Falcão afirmou que mantém a opinião de que André Vargas deve renunciar ao mandado para “preservar ele e sua família e para que possa se defender”.
No entanto, o líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (PT-SP), ponderou ao G1 que a decisão de Vargas de manter o mandato “tem que ser respeitada”. “A gente precisa entender que foi uma decisão pessoal”, enfatizou.
Executiva Nacional
Antes de o caso do deputado paranaense ser submetido à Comissão de Ética, o relatório elaborado pelos três dirigentes será submetido ao voto dos 23 integrantes da Executiva Nacional. Na terça-feira que vem, Falcão deverá marcar a data em que o parecer que recomenda o envio do caso ao colegiado será votado.
Antes de o caso do deputado paranaense ser submetido à Comissão de Ética, o relatório elaborado pelos três dirigentes será submetido ao voto dos 23 integrantes da Executiva Nacional. Na terça-feira que vem, Falcão deverá marcar a data em que o parecer que recomenda o envio do caso ao colegiado será votado.
Caso Vargas seja submetido à Comissão de Ética, ele pode vir a ser expulso do partido, suspenso, receber uma advertência pública ou ser absolvido.
Alberto Cantalice informou que, na possibilidade de Vargas renunciar ao mandato de deputado federal, ele perderá a prerrogativa de ser julgado pela Executiva Nacional. Neste cenário, seu caso será apreciado pelo diretório do PT em Londrina (PR), sua base eleitoral.